De toda a água existente no planeta, 97% está nos oceanos em forma de água salgada, imprópria para consumo, 2% encontram-se nas geleiras do Ártico e da Antártida, e 1% encontra-se em água doce, disposta em rios, lagos, represas, lençóis freáticos, umidade do ar, entre outros. Assim, resta-nos apenas cerca de 2,5% do total de água do planeta em água doce, que ainda se subdivide em aproximadamente 68,9% que é encontrada apenas em estado sólido, em geleiras e topos de montanhas, 29,9% que estão em fontes subterrâneas, e 0,9% que encontramos em solos e pântanos, restando apenas 0,3% disponíveis em Rios e Lagos (BOFF, 2015).
É preciso reforçar a importância da água como recurso natural indispensável à vida.
O intensivo consumo de água na agricultura brasileira
De acordo com a FAO e a ONU, a agricultura é o setor responsável por consumir a maior quantidade de água no mundo, utilizando uma média de 70% de toda a água consumida, e paralelamente a isso, é também a que mais desperdiça água, perdendo-se no seu processo de produção quase metade de toda a água destinada à mesma. Entretanto, mesmo o Brasil possuindo a maior quantidade de águas superficiais do planeta que atinge cerca de 12%, diversas regiões do país convivem diariamente com a escassez desse recurso natural. Contudo, o uso da água no Brasil está acima da média mundial, cerca de 72%, em outros países esse uso pode chegar a 80% da água destinada à agricultura através da irrigação.
Na agricultura a irrigação tem sido cada dia mais indispensável para o abastecimento mundial de alimentos, uma vez que executada de maneira precisa pode aumentar a produção em até 3x mais, porém, o uso intensivo da água tem afetado negativamente as reservas hídricas de todo o planeta, de forma mais expressiva os países em desenvolvimento que possuem sua base econômica ligada a agricultura.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), no Brasil, a irrigação é responsável pelo maior consumo de água, onde são irrigáveis aproximadamente 29,6 milhões de hectares de terras. Estima-se que seja necessário aproximadamente 1000-3000 m³ de água para cada tonelada de grãos colhidos, ou ainda, são necessários 1285 litros de água para se produzir um quilo de soja. Vale destacar que as culturas que mais utilizam irrigação são a cana-de-açúcar, arroz, soja, milho, feijão, laranja, café, cebola, melancia, algodão e trigo. Além também da exorbitante quantidade de água utilizada para a produção de carnes, como podemos observar abaixo.
Existe uma expressiva diferenciação entre a utilização desse recurso natural de acordo com Região Geográfica observada. Ao analisar o gráfico abaixo, concluímos que quanto mais desenvolvida for uma região, maior será sua utilização de água voltada a indústria, como se pode observar na Europa e América do Norte e, em contraponto, as outras regiões que estão em processo de desenvolvimento utilizam-se com maior expressão da água para fins agrícolas. Veja na imagem:
https://www.institutoclaro.org.br/educacao/para-ensinar/planos-de-aula/o-uso-da-agua-na-agricultura/
Você sabe o que é Água Virtual?
Muitos países já descobriram que comprar grãos do Brasil através de commodities é mais viável do que ter que lidar com os problemas ambientais que são consequências diretas do agronegócio. A China é um dos principais países que mais importam soja, milho e outros grãos do Brasil, de forma que a utilização desses grãos nos países de destino é de alimentar os bilhões de aves, suínos e bovinos que são criados na Ásia, pois cultivar esses alimentos demanda espaço, água e outros recursos naturais que esses não estão dispostos a perder, transferindo assim, o prejuízo ambiental acarretado pela produção dessas commodities aos países agroexportadores. Deste modo, o Brasil torna-se uma espécie de celeiro do mundo, onde são produzidas quantidades expressivas de grãos que abastecem o mercado externo.
Assim, constata-se que o Brasil exporta cerca de 112 trilhões de litros de água potável por ano atráves da carne bovina, soja, açúcar, café e outros produtos agrícolas que têm como principal destino os países desenvolvidos. Por exemplo, a cada quilo de soja em grãos exportado, utiliza-se em sua produção uma média de 1.800 litros de água; a cada quilo de carne exportado, exporta-se também mais de 15.000 litros de água. À água que é exportada juntamente com os produtos dá-se o nome de “água virtual”. Sendo a água virtual a quantidade de água que se empregou para a produção de um produto em um determinado local, porém, destinado para outra localidade, em que se cria um fluxo virtual entre os países.
Economizar água no dia a dia – apesar de algo ainda muito importante – não é a única ação que podemos fazer para conservar as reservas de água do nosso planeta. É preciso estimular o uso de técnicas de irrigação que conservem água, tais como o gotejamento, em que máquinas específicas distribuem apenas a quantidade de gostas necessária para a sobrevivência do vegetal que está sendo cultivado.
Além disso, a conservação dos solos é importante, pois, durante as chuvas, o solo sem vegetação passa por erosões, levando terra para os rios, que ficam assoreados e, às vezes, inutilizados. Em outros casos, o uso de agrotóxicos em excesso faz com que parte dos líquidos utilizados “escorra” em direção aos cursos d'água através das chuvas, poluindo os rios e deixando-os inutilizáveis.
Nas indústrias também é necessária a adoção de medidas de conservação. Dependendo do produto ou mercadoria que se está produzindo, é possível até mesmo reutilizar a água e evitar, também, que rejeitos e poluentes emitidos cheguem até os rios. Com isso, a disponibilidade hídrica poderá deixar de ser um problema para o futuro.
O que podemos perceber, portanto, é que se a sociedade como um todo se unir e adotar posturas conjuntas no combate ao consumo exagerado da água e à degradação dos recursos hídricos, a água estará sempre disponível, sem causar nenhum tipo de prejuízo para as gerações futuras.
Por Me. Rodolfo Alves Pena https://escolakids.uol.com.br/geografia/as-atividades-que-mais-consomem-agua.htm
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